segunda-feira, 15 de abril de 2013

Verbo Ser


Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.

Carlos Drummond de Andrade


quinta-feira, 4 de abril de 2013

Somos tão jovens. Tão jovens para ter tantos problemas.

Ah, a infância. Querida e apreciável infância. Bons tempos aqueles nos quais você não tinha problemas, não tinha dúvidas. Vivia perfeitamente feliz, sem preocupações, mas esperando ansiosamente a próxima fase da vida: a adolescência.

Eu fico pensando nos meus 8 anos. Em como eu era uma criança feliz, e no quanto eu queria ser adolescente. Tento me lembrar do porquê de querer crescer tão rápido, se a vida é tão curta e temos que aproveitar cada momento... Claro que eu não tinha essa noção. O que importava? Eu via aqueles grupinhos de adolescentes e pensava: "nossa, deve ser legal ser adolescente!". Hoje, eu comparo a adolescência com um livro de capa bonita, com uma imagem impactante e uma frase daquelas que fazem a gente querer ler esse livro a qualquer custo. Mas não é aquele livro perfeito. Ele também tem partes ruins, mal escritas. Aquelas partes que deixam qualquer leitor revoltado. Mas, pra compensar, tem partes que nos fazem chorar de emoção, de alegria, ou de tanto rir.

E então eu cresci. A minha adolescência chegou e agora eu percebi o quanto era bom ser criança. Claro que ser um adolescente tem muitas vantagens, porém, com os anos passando, os problemas aumentam. Foi a essa conclusão que eu cheguei. Ser adolescente pra mim, era sinônimo de felicidade, de alegria. E é, na verdade. Só que, hoje em dia, a maioria dos jovens possuem problemas familiares, escolares, amorosos, religiosos... Ficam tristes por coisas que não aconteceram, por amores perdidos, por momentos desperdiçados. Claro, são coisas que realmente acabam com uma pessoa. Mas por quê? Por que temos tantos problemas mesmo sendo tão jovens? E porque é tão difícil responder ao por quê? Algumas pessoas ficam realmente revoltadas com essa situação, outras vão empurrando os problemas com a barriga, e outros ainda tentam resolver todos eles. Parabéns a você que consegue. Isso é uma qualidade de poucos.

A adolescência serve pra você aprender a lidar com a vida. A vida real. Porque ela "não é um conto de fadas. Quem não percebeu isso, talvez só chegue a compreendê-lo quando a história já estiver chegado ao fim."

Eu só acho que levar tudo numa boa, e dar mais valor aos bons momentos do que aos ruins, é a melhor solução. Ou existe outra ainda não descoberta pela sociedade?



quinta-feira, 28 de março de 2013

Resenha: "A Garota das Laranjas"

"Numa carta de despedida escrita nos últimos dias de vida, um pai conta ao filho a história de sua busca por uma figura encantadora e enigmática que parece ter saído de um conto de fadas."

Desde o início, me prendi a esse livro. Não pude soltá-lo até terminar a leitura. Cheguei até a estabelecer um limite de páginas por dia pra não terminar de ler tão rápido. 
É a história de um garoto de 15 anos, no caso Georg, que lê uma carta escondida e escrita a onze anos pelo seu pai; uma carta que ele deveria ler quando fosse mais velho e tivesse maturidade pra responder à tão importante pergunta que Jan Olav (pai) queria fazer a ele.
Jan Olav relata uma história, a história da "Garota das Laranjas", que pode ser considerada como o enunciado da pergunta que ele fará a Georg. Jan descreve a garota das laranjas com tanto romantismo, que faz com que nós meninas, desejássemos ter, algum dia, um garoto que descreva a nós e a nossos detalhes com tanto amor e paixão assim.
O livro é cheio de enigmas e eu tentei decifrar a todos eles desde o começo, sem sucesso, pois tudo é revelado muito rapidamente, e quase no fim do livro.

A tão importante pergunta nos faz pensar na nossa vida, e no que faríamos. Afinal, "a gente vem uma única vez a esse mundo" e "o que é um ser humano, Georg? Quanto vale um ser humano? Será que nós somos apenas poeira que qualquer ventania levanta e espalha?".
Não estou dando spoiler, aposto que o que eu escrevi deve ter levantado hipóteses de qual seria a pergunta. Mas isso vocês só vão descobrir se lerem o livro.
Eu recomendo para todos os que têm maturidade, como Georg, de 15 anos, para saber responder à pergunta ;)



"Todos os livros deveriam começar com um desses papéis. De preferência com um escuro: vermelho-escuro, azul-escuro, de acordo com a capa. Quando você abre o livro, é como num teatro: ali está a cortina. Você a arrasta pro lado, e a apresentação começa."- "Coração de Tinta", Cornelia Funke.


terça-feira, 19 de março de 2013

Mesmos  pensamentos, mesmos sentimentos, mesma rotina; o mesmo de sempre, só mudaram os livros.


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

"A culpa é das estrelas"- Resenha com SPOILER

"A culpa é das estrelas narra o romance de dois adolescentes que se conhecem (e se apaixonam) em um Grupo de Apoio para Crianças com Câncer: Hazel, uma jovem de dezesseis anos que sobrevive graças a uma droga revolucionária que detém a metástase em seus pulmões, e Augustus Waters, de dezessete, ex-jogador de basquete que perdeu a perna para o osteosarcoma. Como Hazel, Gus é inteligente, tem ótimo senso de humor e gosta de brincar com os clichês do mundo do câncer - a principal arma dos dois para enfrentar a doença que lentamente drena a vida das pessoas. Inspirador, corajoso, irreverente e brutal, A culpa é das estrelas é a obra mais ambiciosa e emocionante de John Green, sobre a alegria e a tragédia que é viver e amar."



Há mais ou menos 3 meses eu li uma resenha sobre esse livro e foi amor à primeira vista. Desde então, vivia procurando ele, até que um dia desses o encontrei DEPOIS DE LIGAR EM TODAS AS LIVRARIAS DE BRASÍLIA! Mas a procura valeu a pena. Esse livro me fez chorar mais que todas as vezes que eu chorei lendo outros livros.

Ele relata a história fictícia de Hazel, uma paciente terminal do câncer, e Augustus, um ex-jogador de basquete que perdeu uma perna em consequência do osteosarcoma. Eles se conheceram no Grupo de Apoio (que é tipo um grupo de pessoas que sofrem de diferentes tipos de câncer). Acontece que eles se tornam muito amigos. Gus com seus olhos lindamente azuis, sua "perna falsa" (prótese), e sua voz irresistível. E Hazel com seu cilindro de oxigênio (Felipe), e seus pessimismos.

Augustus se apaixona por ela, mas ela não queria mais uma pessoa na vida dela, pois se considerava uma granada, uma granada que explodiria (quando ela morresse) e feriria os que estavam ao seu redor. Quem disse que ele se importava? Ele estava apaixonado por ela, como poderia conter uma paixão?

No decorrer do livro, Augustus e Hazel viajam para Amsterdã a fim de conhecer o escritor do livro predileto dela, que deixou curiosidade sobre o que acontecia com os personagens depois que o livro acabou repentinamente. Hazel era realmente desesperada por saber o que acontecia com os outros personagens. Acontece que o tal escritor, Peter Van Houten, não era quem eles pensavam que fossem, e os tratou com certa ignorância e maldade. Foi nessa viagem que Hazel se apaixonou por Gus, "(...) me apaixonei do mesmo jeito que alguém cai no sono: gradativamente e de repente, de uma hora pra outra".

Tudo estava perfeito, até Augustus revelar a ela que o câncer tinha voltado. Ao retornarem pra casa, Gus passou por vários tratamentos, estava tomando muitos remédios, e ele já não tinha mais a saúde de ferro que tinha antes. Ele estava morrendo. E, por isso, queria ouvir os elogios fúnebres de Hazel e de seu amigo Isaac. O de Hazel é realmente emocionante:
" - Não posso falar da nossa história de amor, então vou falar de matemática. Não sou formada em matemática, mas sei de uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1.Tem o 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 milhão. Alguns infinitos são maiores que outros. Um escritor de quem costumávamos gostar nos ensinou isso. Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto ilimitado. Queria mais números do que provavelmente vou ter, e, por Deus, queria mais números para o Augustus Waters do que os que ele teve. Mas, Gus, meu amor, você não imagina o tamanho da minha gratidão pelo nosso pequeno infinito. Eu não o trocaria por nada nesse mundo. Você me deu uma eternidade dentro dos nossos dias numerados, e sou muito grata por isso."

DDDD':



Ele morreu oito dias depois disso, e o autor fala isso de uma forma tão natural talvez porque ele já tenha  preparado emocionalmente os leitores no decorrer da leitura do livro. Augustus tinha "medo de ser esquecido, como um cego tem medo de escuro". Então, há uma parte do livro que Hazel coloca uma bandeirinha da França no túmulo de Gus, pra que pensassem que ele era um integrante da legião francesa, ou algum mercenário heroico, mesmo sabendo, como a própria Hazel diz, que "vai chegar um dia em que não vai sobrar nem um ser humano sequer para lembrar que alguém já existiu ou que nossa espécie fez qualquer coisa nesse mundo".

Acontecem muitas outras coisas no livro, que se eu relatasse, a resenha ficaria maior do que já está. E só é possível descrever o quanto esse livro é maravilhoso, e PERFEITO, e tudo o mais se eu digitar o livro todo aqui. Eu simplesmente AMEEEEEEEEEI DE VERDADE esse livro. Me identifiquei com a Hazel, e seu modo de pensar algumas vezes, e pelo fato de que ela ama ler; amei as frases totalmente filosóficas e inteligentes do John Green; simplesmente amei esse livro.

A respeito do título, John diz: "Bem, na frase de Shakespeare, "estrelas" significam "destino". No texto original, o nobre romano Cássio diz a Bruto: "A culpa, meu caro Bruto, não é de nossas estrelas / Mas de nós mesmos, que consentimos em ser inferiores." Ou seja, não há nada de errado com o destino; o problema somos nós
Bem, isso é válido quando estamos falando de Bruto e de Cássio. Mas não quando estamos falando de outras pessoas. Muitas delas sofrem desnecessariamente, não porque fizeram algo de errado nem porque são más ou sei lá o quê, mas porque dão azar. Na verdade, as estrelas têm muita culpa, sim, e eu quis escrever um livro sobre como vivemos num mundo que não é justo, e sobre ser ou não possível viver uma vida plena e significativa mesmo que não se chegue a vivê-la num grande palco, como Cássio e Bruto."

Então, parabéns John Green (o qual eu chamo carinhosamente de João Verde) por ter escrito esse livro tão maravilhoso, que foi e será único na minha vida.