segunda-feira, 30 de setembro de 2013

domingo, 22 de setembro de 2013

"Extraordinário"- R J Palacio

"Não vou descrever minha aparência. Não importa o que você esteja pensando, porque provavelmente é pior".


August Pullman, ou Auggie, é um garoto que nasceu com uma doença rara. Uma síndrome genética que lhe causou uma séria deformidade irreparável no rosto. Vive com seu pai (Nate), sua mãe (Isabel), e sua irmã Via (Olivia). É um garoto inteligente, divertido, fã de Star Wars. Sua família é formada por pessoas bonitas, mas Auggie era uma raridade.

Desde pequeno, ele recebia aulas de sua mãe em casa, mas agora seus pais tinham decidido matriculá-lo numa escola de verdade. Mas seria um desafio. Auggie não costumava sair muito de casa, e, quando saía, as pessoas o olhavam como se ele fosse uma aberração, levavam um susto, ficavam surpresos, ou com pena. Mas, enfim, lá vai August pra escola. Todos os olhares se voltando pra ele com horror, desprezo... E o interessante é que ele percebia cada sinal de surpresa, horror de cada pessoa que o olhava, mesmo que fosse por um milésimo de segundo. E sempre há os idiotas e preconceituosos, aqueles que amam fazer brincadeirinha tolas e infantis. Que é o caso de Justin, que é daquele tipo riquinho, mimado e "popularzinho", sabem? Mas August não ligava para as gozações e os diferentes modos como as pessoas reagiam à sua aparência. Ele não deixava que essas coisas o incomodasse. 

Apesar de não se importar, houve uma parte do livro na qual ele começou a chorar perguntando à sua mãe sobre o porquê de ele ser feio. Apesar de ser tão forte, ele tinha momentos de fraqueza.

O livro é dividido em partes. Em cada parte uma pessoa narra seu ponto de vista, e todos eles estão interligados a August, diretamente ou indiretamente. Quando eu estava lendo uma parte que tal pessoa narrava e passava a bola pra outro narrador, eu ficava LOUCA de curiosidade pra saber a conclusão de seu pensamento.

Um garoto andando em meio à sociedade perfeccionista tentando mostrar que, apesar de sua aparência ser diferente, ele igual a todo mundo, comum, com os mesmos desejos, sonhos, ambições. Ele conquistou pessoas pelo seu jeito de ser, por ser inteligente, divertido, e uma boa pessoa. Conquistou pessoas que não se importavam que ele tinha os olhos na bochecha e que um era mais abaixo que o outro, não se importavam com o fato de que suas orelhas pareciam punhos fechados. Levaram em conta as suas qualidades.


"Extraordinário" é realmente um livro extraordinário, assim como August.Confesso que chorei em algumas partes, e AMEI o livro! :) Conviver com a sociedade o fez crescer, aprender lidar com diversas situações, e ensinar aos outros que a beleza não está por fora. A história criada por R J Palacio é fictícia, mas está mais perto da nossa realidade do que imaginamos. Acho que o que ela quis ensinar é que pessoas que possuem alguma diferença, alguma coisa que não vai de encontro com o perfeccionismo social devem encarar a sociedade, não ligar pra algumas gozações, conquistar pessoas pelo seu jeito de ser (mas se vc é funkeiro, tem mente suja, só fala merda, e ainda tem uma deformidade, pode esquecer). Porque um dia aqueles que foram gentis e amigos vão ser recompensados e aqueles que zoaram da sua aparência, vão estar te aplaudindo.

"Toda pessoa deveria ser aplaudida de pé pelo menos uma vez na vida, porque todos nós vencemos o mundo".

domingo, 15 de setembro de 2013

"Cidades de Papel"- John Green

"Na minha opinião, todo mundo tem seu milagre. Por exemplo, muito provavelmente eu nunca vou ser atingido por um raio, nem ganhar o prêmio nobel, nem ter câncer terminal de ouvido. Mas, se você levar em conta todos os eventos improváveis, é possível que pelo menos um deles vá acontecer a cada um de nós. Eu poderia ter presenciado uma chuva de sapos. Poderia ter me casado com a rainha da Inglaterra ou sobrevivido meses à deriva. Mas meu milagre foi o seguinte: de todas as casas em todos os condados da Flórida, eu era vizinho de Margo Roth Spiegelman".



Quentin Jacobsen, ou Q (narrador-personagem) é um adolescente controlado, filho de pais psicólogos, prestes a se formar no Ensino Médio e vizinho de Margo Roth Spiegelman. Eles costumavam brincar bastante quando eram crianças, mas foram perdendo o contato.

"Margo sempre adorou um mistério. E, com tudo o que aconteceu depois, nunca consegui deixar de pensar que ela talvez gostasse tanto de mistérios que acabou por se tornar um".

Digamos que eles não se falavam porque ela era do grupo dos populares e Q era um nerd. Ou seja... Vocês entenderam. Mas isso antes de Margo aparecer na janela de Quentin e pedir o carro dos pais dele emprestado para realizar algumas vinganças... Ele acabou aceitando, e a ajudou a realizar o infalível plano de Margo. Quentin era o certinho, o pacificador, o seguidor de regras e Spiegelman era o oposto dele. Suas histórias de aventuras eram apreciadas por todos, ela usava as letras maiúsculas de forma irregular... Quentin se importava com o futuro, Margo não; Quentin nunca quebrava regras, Margo sim. Enfim, realmente o oposto.

Ela era realmente MESTRE em elaborar planos, criativa e engraçada. Não tem como não rir!

Um pouco antes de invadir o Sea World e voltar pra casa, Margo levou Q até o topo do SunTrust e comentou com ele sobre o fato de que Orlando (a cidade onde eles moravam) era uma cidade de papel. Cheia de pessoas frágeis e fúteis, vivendo suas vidas em casas de papel, não se importando com nada.

E aquela noite foi "como uma promessa. [...] Na saúde e na doença. Na alegria e na tristeza. Na riqueza e na pobreza. Até que o sol nos separe".

Certo, a noite acaba, o sol nasce e lá vai Q todo feliz pra escola pensando que agora ele pode mostrar a Margo quem ele é de verdade e que eles serão bons amigos, ou até mais... Mas aí recebe a notícia: Margo fugiu de casa. Ah, bobagem, ela já fugiu tantas vezes e sempre volta. Mas e daquela vez? Seria diferente? Quentin coloca na cabeça, num ponto inesquecível, de que Margo queria ser encontrada por ele só porque deixou uma pista: o livro de Whitman, marcado no poema "Canção de mim mesmo".

Depois de ler o poema várias vezes, ele concluiu que Margo estava morta, mas todos diziam que "nada a ver, ela só deve estar virando mundos de cabeça pra baixo". Mas para encontrar Margo, deveria se tornar Margo. Quentin virou tipo um detetive nesse tempo que Margo estava desaparecida, e mesmo longe ela conseguiu mudá-lo. Toda hora ele pensava em Margo, em onde ela estava, por quê fugiu, se estava viva...

"Mas ela é terrível! Como se procura alguém que proclama que não vai ser encontrada, que sempre deixa pistas que não vão a lugar nenhum, que foge o tempo todo? Não dá!"
O livro é dividido em 3 partes. A segunda foi a que mais me tocou. Que foi quando Q descobre que Margo não era o que ele pensava que ela era. Ela era uma garota interpretada de uma forma diferente por cada personagem do livro. Margo era diferente do que ele pensava que ela fosse. As pessoas olhavam-na como um reflexo, vendo um labirinto de espelhos*( ver Quem as pessoas pensam que nós somos?). Q tira tantas metáforas do poema que são aplicáveis na nossa vida... Só lendo pra entender a profundidade.

Uma coisa legal também é a forma como os papais noéis negros dos pais de Radar mostram como imaginamos as pessoas de forma deturpada. Talvez o Papai Noel não seja branco!

Mas Margo queria ser encontrada? Por que fugiu? E Quentin vai achá-la?

Mais um livro de sucesso de um dos meus escritores preferidos: João Verde (John Green). "Cidades de Papel", da editora Intrínseca, é um livro hilário, engraçado, sensível e profundo. O significado do título só dá pra entender ao ler toda a história. Essa é uma das características dos livros de John: só dá pra entender profundamente o título, ao ler a história toda. Mas eu A-M-E-I esse livro, com todos os sentidos da palavra. Recomendo totalmente! Quentin entrou pra minha lista de personagens masculinos preferidos! A determinação e agonia dele pra encontrar Margo é surreal e poética *-* Green tem essa facilidade de nos presentear com personagens que não conseguiremos esquecer jamais. <3 ESSE LIVRO É CHÃO, SANGUE, CORAÇÃO... É VIDAAAAA! E QUE QUOTES PERFEITOOOOOOOOOOOS! Acho que todos os seres humanos que sabem ler deveriam ler esse livro. Ele fala sobre interpretar pessoas, sobre a fragilidade de todos nós. Amei, John. Você está no topo da lista. <3333

PS: Ben e Radar são hiláriooooos!!! <3 

PS: O nome Margo Roth Spiegelman foi escolhido por John Green porque 1. Contém a palavra Go no primeiro nome (e ela desaparece da cidade). 2. Roth significa vermelho (tem algumas referências a cores nessa história). 3. Spiegelman significa ‘pessoa que faz espelhos’ em alemão (isso faz sentido pra quem lê, posso garantir).

PS: Eu leria até a lista de compras de John Green.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Quem as pessoas pensam que nós somos?

"É muito difícil para qualquer um mostrar a nós como somos de fato, e é muito difícil para nós mostrarmos aos outros o que sentimos."- Cidade de Papel- John Green*

No poema "Canção de mim mesmo" de Whitman, a relva é muitas coisas ao mesmo tempo. Ela é uma metáfora para a vida, para a morte, para a igualdade, para a conectividade, para as crianças, para Deus e para a esperança. Afinal, quem é a relva? Às vezes somos como ela. Somos enxergados de muitas formas, interpretados de maneiras diferentes. Achamos difícil entender que o outro também é um ser humano como nós. "Ou os idealizamos como deuses ou os dispensamos como animais". As pessoas pensam em nós e nós pensamos nas pessoas como "coisas" mais inferiores ou mais superiores. Nunca como seres humanos normais. Às vezes olhamos pra alguém e formulamos ideias sobre ele, sobre seu temperamento, jeito, nível de inteligência, classe social e acabamos elevando ou rebaixando esse ser, sem considerá-lo um ser humano normal como qualquer outro. E às vezes o tal alguém não é nada do que imaginamos, ás vezes nós não somos o que os outros imaginam. Podemos até ser quando estamos ali na rodinha de amigos, né. Mas quando chegamos em casa, o tipo de música que ouvimos não é o que pensam que nós ouvimos; os livros que lemos estão na lista de livros que ninguém nunca nos imaginaria lendo; os planos que temos não são nada parecidos com aqueles que pensam que temos. Talvez as pessoas precisem descobrir quem é Bruna Guimarães quando ela não está sendo Bruna Guimarães. Talvez os famosos não sejam o que aparentam ser; talvez seu amigo aí perto é outra pessoa quando não está sendo seu amigo.

"Margo não era um milagre.  Não era uma aventura. Nem uma coisa sofisticada e preciosa. Ela era uma garota".*

Ás vezes esse jogo de tentar adivinhar quem tal pessoa é revela mais de quem tenta adivinhar do que sobre a que está sendo adivinhada. "São tantas pessoas. É tão fácil se esquecer que o mundo é cheio de pessoas, lotado, e cada uma delas é imaginável e sistematicamente mal interpretada".*

Um dia, Dr. House, aquele cara daquele seriado, disse que nós somos quem as pessoas pensam que somos. E eu vim aqui corrigir essa calúnia. Pois, na maioria dos casos, quem somos realmente está guardado dentro de nós, e até tentamos mostrar nosso verdadeiro eu mas as pessoas estão ocupadas olhando mais para um labirinto de espelhos do que para nossa janela. Preferem olhar o que pensam que somos do que olhar para quem realmente somos. Sobram espelhos no mundo, e onde estão as janelas?



*Mais detalhes sobre o livro na resenha que será publicada em breve.

domingo, 8 de setembro de 2013

domingo, 1 de setembro de 2013

O poder da imaginação

Você tá dormindo tranquilamente com seu bichinho de pelúcia da Imaginarium, aí bate aquela vontade de ir ao banheiro e você acorda. Sonolenta, se desvencilha do edredom e do bichinho e sai da cama. Caminhando na direção do banheiro, pára. O que é aquilo a 3 metros no chão? Aquilo não estava lá quando você foi dormir. Você pensa quase racionalmente no que poderia acontecer se fosse até lá. Bem, poderia ser um sapo, e ele poderia voar na sua cara; poderia ser uma cobra enrolada que te atacaria a qualquer momento; também poderia ser o bicho papão (ah, você sempre soube que ele existia! e agora ele estava no seu quarto pronto pra te atacar); ou uma lesma, milhares de lagartas, um escorpião gigante... Ou pode ser um bichinho de estimação daqueles personagens de filme de terror! Aí você começa a olhar pra todos os cantos escuros do seu quarto procurando pela mulher de preto e a encontra do lado da sua cama! Só que, diferente do filme, você não quis se matar. Então você começa a ficar louca e tremer de medo. Claro, quem não ficaria? Você se lembra exatamente de quantos meses ficou sem conseguir dormir por causa daquele filme, e agora ela estava lá no seu quarto com uma espécie de bicho papão misturado com um sapo, uma cobra, milhares de lagartas e etc. Era muito terror pra uma pessoa só, então você encarna a criança bobona e chorona de dentro dessa adolescente que se acha madura e chama a mamãe e o papai. Eles vêm assustados, tipo, "o que será que aconteceu com minha filhinha?". Aí você fala pra eles o que tem no seu quarto, eles não veem nada, falam que você tá maluca. O monstro no chão era um par de sapatos, e não há nenhuma mulher de preto do lado da sua cama.

Isso foi uma prova viva de como a vontade de ir ao banheiro afeta sua mente.