quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Quem as pessoas pensam que nós somos?

"É muito difícil para qualquer um mostrar a nós como somos de fato, e é muito difícil para nós mostrarmos aos outros o que sentimos."- Cidade de Papel- John Green*

No poema "Canção de mim mesmo" de Whitman, a relva é muitas coisas ao mesmo tempo. Ela é uma metáfora para a vida, para a morte, para a igualdade, para a conectividade, para as crianças, para Deus e para a esperança. Afinal, quem é a relva? Às vezes somos como ela. Somos enxergados de muitas formas, interpretados de maneiras diferentes. Achamos difícil entender que o outro também é um ser humano como nós. "Ou os idealizamos como deuses ou os dispensamos como animais". As pessoas pensam em nós e nós pensamos nas pessoas como "coisas" mais inferiores ou mais superiores. Nunca como seres humanos normais. Às vezes olhamos pra alguém e formulamos ideias sobre ele, sobre seu temperamento, jeito, nível de inteligência, classe social e acabamos elevando ou rebaixando esse ser, sem considerá-lo um ser humano normal como qualquer outro. E às vezes o tal alguém não é nada do que imaginamos, ás vezes nós não somos o que os outros imaginam. Podemos até ser quando estamos ali na rodinha de amigos, né. Mas quando chegamos em casa, o tipo de música que ouvimos não é o que pensam que nós ouvimos; os livros que lemos estão na lista de livros que ninguém nunca nos imaginaria lendo; os planos que temos não são nada parecidos com aqueles que pensam que temos. Talvez as pessoas precisem descobrir quem é Bruna Guimarães quando ela não está sendo Bruna Guimarães. Talvez os famosos não sejam o que aparentam ser; talvez seu amigo aí perto é outra pessoa quando não está sendo seu amigo.

"Margo não era um milagre.  Não era uma aventura. Nem uma coisa sofisticada e preciosa. Ela era uma garota".*

Ás vezes esse jogo de tentar adivinhar quem tal pessoa é revela mais de quem tenta adivinhar do que sobre a que está sendo adivinhada. "São tantas pessoas. É tão fácil se esquecer que o mundo é cheio de pessoas, lotado, e cada uma delas é imaginável e sistematicamente mal interpretada".*

Um dia, Dr. House, aquele cara daquele seriado, disse que nós somos quem as pessoas pensam que somos. E eu vim aqui corrigir essa calúnia. Pois, na maioria dos casos, quem somos realmente está guardado dentro de nós, e até tentamos mostrar nosso verdadeiro eu mas as pessoas estão ocupadas olhando mais para um labirinto de espelhos do que para nossa janela. Preferem olhar o que pensam que somos do que olhar para quem realmente somos. Sobram espelhos no mundo, e onde estão as janelas?



*Mais detalhes sobre o livro na resenha que será publicada em breve.

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