domingo, 15 de setembro de 2013

"Cidades de Papel"- John Green

"Na minha opinião, todo mundo tem seu milagre. Por exemplo, muito provavelmente eu nunca vou ser atingido por um raio, nem ganhar o prêmio nobel, nem ter câncer terminal de ouvido. Mas, se você levar em conta todos os eventos improváveis, é possível que pelo menos um deles vá acontecer a cada um de nós. Eu poderia ter presenciado uma chuva de sapos. Poderia ter me casado com a rainha da Inglaterra ou sobrevivido meses à deriva. Mas meu milagre foi o seguinte: de todas as casas em todos os condados da Flórida, eu era vizinho de Margo Roth Spiegelman".



Quentin Jacobsen, ou Q (narrador-personagem) é um adolescente controlado, filho de pais psicólogos, prestes a se formar no Ensino Médio e vizinho de Margo Roth Spiegelman. Eles costumavam brincar bastante quando eram crianças, mas foram perdendo o contato.

"Margo sempre adorou um mistério. E, com tudo o que aconteceu depois, nunca consegui deixar de pensar que ela talvez gostasse tanto de mistérios que acabou por se tornar um".

Digamos que eles não se falavam porque ela era do grupo dos populares e Q era um nerd. Ou seja... Vocês entenderam. Mas isso antes de Margo aparecer na janela de Quentin e pedir o carro dos pais dele emprestado para realizar algumas vinganças... Ele acabou aceitando, e a ajudou a realizar o infalível plano de Margo. Quentin era o certinho, o pacificador, o seguidor de regras e Spiegelman era o oposto dele. Suas histórias de aventuras eram apreciadas por todos, ela usava as letras maiúsculas de forma irregular... Quentin se importava com o futuro, Margo não; Quentin nunca quebrava regras, Margo sim. Enfim, realmente o oposto.

Ela era realmente MESTRE em elaborar planos, criativa e engraçada. Não tem como não rir!

Um pouco antes de invadir o Sea World e voltar pra casa, Margo levou Q até o topo do SunTrust e comentou com ele sobre o fato de que Orlando (a cidade onde eles moravam) era uma cidade de papel. Cheia de pessoas frágeis e fúteis, vivendo suas vidas em casas de papel, não se importando com nada.

E aquela noite foi "como uma promessa. [...] Na saúde e na doença. Na alegria e na tristeza. Na riqueza e na pobreza. Até que o sol nos separe".

Certo, a noite acaba, o sol nasce e lá vai Q todo feliz pra escola pensando que agora ele pode mostrar a Margo quem ele é de verdade e que eles serão bons amigos, ou até mais... Mas aí recebe a notícia: Margo fugiu de casa. Ah, bobagem, ela já fugiu tantas vezes e sempre volta. Mas e daquela vez? Seria diferente? Quentin coloca na cabeça, num ponto inesquecível, de que Margo queria ser encontrada por ele só porque deixou uma pista: o livro de Whitman, marcado no poema "Canção de mim mesmo".

Depois de ler o poema várias vezes, ele concluiu que Margo estava morta, mas todos diziam que "nada a ver, ela só deve estar virando mundos de cabeça pra baixo". Mas para encontrar Margo, deveria se tornar Margo. Quentin virou tipo um detetive nesse tempo que Margo estava desaparecida, e mesmo longe ela conseguiu mudá-lo. Toda hora ele pensava em Margo, em onde ela estava, por quê fugiu, se estava viva...

"Mas ela é terrível! Como se procura alguém que proclama que não vai ser encontrada, que sempre deixa pistas que não vão a lugar nenhum, que foge o tempo todo? Não dá!"
O livro é dividido em 3 partes. A segunda foi a que mais me tocou. Que foi quando Q descobre que Margo não era o que ele pensava que ela era. Ela era uma garota interpretada de uma forma diferente por cada personagem do livro. Margo era diferente do que ele pensava que ela fosse. As pessoas olhavam-na como um reflexo, vendo um labirinto de espelhos*( ver Quem as pessoas pensam que nós somos?). Q tira tantas metáforas do poema que são aplicáveis na nossa vida... Só lendo pra entender a profundidade.

Uma coisa legal também é a forma como os papais noéis negros dos pais de Radar mostram como imaginamos as pessoas de forma deturpada. Talvez o Papai Noel não seja branco!

Mas Margo queria ser encontrada? Por que fugiu? E Quentin vai achá-la?

Mais um livro de sucesso de um dos meus escritores preferidos: João Verde (John Green). "Cidades de Papel", da editora Intrínseca, é um livro hilário, engraçado, sensível e profundo. O significado do título só dá pra entender ao ler toda a história. Essa é uma das características dos livros de John: só dá pra entender profundamente o título, ao ler a história toda. Mas eu A-M-E-I esse livro, com todos os sentidos da palavra. Recomendo totalmente! Quentin entrou pra minha lista de personagens masculinos preferidos! A determinação e agonia dele pra encontrar Margo é surreal e poética *-* Green tem essa facilidade de nos presentear com personagens que não conseguiremos esquecer jamais. <3 ESSE LIVRO É CHÃO, SANGUE, CORAÇÃO... É VIDAAAAA! E QUE QUOTES PERFEITOOOOOOOOOOOS! Acho que todos os seres humanos que sabem ler deveriam ler esse livro. Ele fala sobre interpretar pessoas, sobre a fragilidade de todos nós. Amei, John. Você está no topo da lista. <3333

PS: Ben e Radar são hiláriooooos!!! <3 

PS: O nome Margo Roth Spiegelman foi escolhido por John Green porque 1. Contém a palavra Go no primeiro nome (e ela desaparece da cidade). 2. Roth significa vermelho (tem algumas referências a cores nessa história). 3. Spiegelman significa ‘pessoa que faz espelhos’ em alemão (isso faz sentido pra quem lê, posso garantir).

PS: Eu leria até a lista de compras de John Green.

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